domingo, 15 de dezembro de 2013

Porque é que a Igreja devia louvar o Capitalismo?



Depois das recorrentes críticas do Papa Francisco ao capitalismo, apetece perguntar. Quem fez mais e melhor pelos pobres? A Igreja ou...o capitalismo. A resposta pode surpreender alguns.

É muito simples. Foi o capitalismo (e a abertura económica dos países emergentes) que possibilitou que um bilião (!!) de pessoas saíssem da pobreza em 20 anos. Não é isso que a Igreja almeja? Menos pobreza?



Já nos países ocidentais, foi a criação de riqueza inerente ao sistema de produção capitalista que nos possibilitou um nível de vida como os nossos antepassados da Idade Média nunca haviam sonhado (é pensar que o cidadão médio tem melhor qualidade de vida que um membro da nobreza de outros tempos). 

O novo Papa, em vez de enveredar por um senda anti-capitalista, não devia parar, olhar e aprender com os ganhos do melhor sistema de produção de riqueza alguma vez conseguido? Podia, como é bem relembrado aqui, pôr os olhos num personagem diametralmente oposto às suas crenças. Nada mais, nada menos que...Deng Xiaoping. "It doesn't matter the color of the cat as long as it catches mice" 

sábado, 18 de maio de 2013

Lucas Pires: Sábias palavras




"É evidente que o PSD tem um grande drama porque nasceu em Portugal para integrar no regime socialista forças liberais quando historicamente os sociais-democratas apareceram sim para integrar em regimes liberais força socialistas. O disfarce ou rótulo social-democrata teve aqui uma função oposto àquela que tem normalmente e neste momento esse disfarce social-democrata deveria justamente evoluir da social-democracia para o liberalismo" (Francisco Lucas Pires, 1979)

Sábias palavras. 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

PME´s: Crédito, my ass




Duas informações, no jornal Expresso, em notícias separadas desvendam muito do mistério sobre o problema de crédito da nossa economia.

Numa, o próprio António Borges, referindo-se a dados da OCDE, revelava que Portugal era o 3º país no ranking da organização, em que o Estado tinha mais influência na Economia.

Ao lado Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) dizia que o crédito para as PME´s tinha descido 18%, enquanto para as empresas do Sector Empresarial do Estado tinha crescido 20%.

Nada que me surpreenda, portanto.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Que se lixe a Troika: Versão 1928





Para quem ainda acha que, mandando lixar a Troika, nos espera a Terra Prometida (acabado de sair da Páscoa são estas as analogias). Vejamos o que aconteceu da última vez que optamos pela alternativa:

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"As condições draconianas da Sociedade das Nações incluíam a necessidade de um «controlador» internacional junto do governo português, e a possibilidade de a administração das receitas públicas vir a ser gerida por uma comissão de credores, no caso de incumprimento. As condições foram rejeitadas pelo Governo. A via escolhida pelo regime ia ser a ditadura financeira. Esta, aplicada pelo recém-chegado ministro das Finanças, António Salazar, revelou-se pelo saldo positivo das contas públicas de 1928-29” (António Barreto e Maria Filoména Mónica in Dicionário da História de Portugal)

sábado, 30 de março de 2013

Porque a história se repete...



... e está nas nossas mãos evitá-lo. Já sabemos onde ela nos leva e não é sensato ignorá-lo.


·         "Sob o ponto de vista financeiro, a dura lição de 1891 valeu de tanto para o período que estamos examinando, como a bancarrota de 1852 para a longa década que se lhe seguiu: temos vivido no regímen do deficit" (António Oliveira Salazar, O Ágio do Ouro: 1918)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Do Populismo: Contas de merceeiro como arma política




Por muito que seja a injustiça de não terem havido cortes substanciais nos vencimentos de deputados (que eu saiba), fazer passar propaganda de que se eliminarmos 100 deputados (parlamentares?), teremos dinheiro para pagar a 34.400 professores, não passa disso mesmo...propaganda.

Vejamos os números: "Segundo os dados da Federação Nacional de Professores, um docente com 15 anos de serviço viu o seu ordenado bruto ser reduzido em 2011 de 1982 euros para 1913". Ora, como isto se refere a uma pessoa com 15 anos de serviço, e os dados são de 2011, vamos diminuir a parada. Um salário médio de professores (mesmo contabilizando aqueles em final de carreira) de 1000 euros (há quem calcule em 1250). 

Ora, o salários dos "representantes do poder legislativo e de órgãos executivos passou de 5.605 euros para 5.686 euros". Note-se que a notícia parece misturar salários dos governantes com deputados, o que ainda inflaciona os cálculos finais. Mas é injusto? Talvez. Fica ao critério de cada um. Há quem ache que um deputado deveria ganhar o salário mínimo? Boa sorte ao tentar torná-los impermeáveis à corrupção e a atrair os melhores para o exercício destes cargos.

Mas o ponto nem é este. A minha pergunta é: quantos professores paga um salário de 5.686 euros? Se formos pela média acima estipulada a resposta: 5,7. E agora, imagine-se que íamos pelo populismo e, de facto, cortávamos 100 deputados. Pelas minhas contas pouparíamos 568. 600 euros/ mês. Muito bem, eu até acho que se deva poupar. Mas, e quantos professores seriam salvos com esta medida? Se dividirmos este valor, por salários de 1000 euros (a média), conseguiríamos um saldo de 568,6 professores. Mas afinal não eram 34.400? Pois, é o que dá fazer contas à populista. 

O autor do post, não era com certeza professor de matemática. Mas este é apenas mais um exemplo, do que vai por essas redes sociais. E para quem preza tanto a educação, este tipo de desinformação é no mínimo...incongruente. 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ensino Superior: Um Bloco de Esquerda incoerente



Surge de novo, em força o debate acerca do Ensino Superior. As Universidades Públicas lutam por conseguir meios para ser sustentáveis. As recentes notícias dão por conta que pedem a antigos alunos por contribuições para ajudar o Ensino Superior.

O que alguns chamam de caridadezinha, eu apelido de reconhecimento. Reconhecimento por parte dos alumni, que agradecem à Universidade ter-lhes proporcionado um ensino que lhes permitiu ter chegado mais longe, e reconhecimento por parte da Universidade aos alunos que conseguiram vencer na vida. Por isso, é uma falsa polémica dizer que estamos perante caridadezinha.

O autor do texto, ao dizer que tal coisa retira credibilidade ao ensino universitário nacional, com certeza não olhou muito para o que se passa lá fora. É aliás uma das universidades mais afamadas a nível mundial (Princeton, nos Estados Unidos) que tem maior percentagem de alumni mecenas. Julgo que a Universidade não perdeu credibilidade e posso dizer que sozinha tem mais credibilidade que todas as universidades nacionais.

Concordo com o autor do texto num ponto. O estado do ensino é calamitoso. Mas aqui contradiz-se. Quer que as propinas se mantenham inalteradas (porventura quererá que baixem), mas desdenha fundos preciosos vindos de ex-alunos. Esquece-se que um euro a mais na conta bancária da Universidade é um euro a menos nas propinas de um aluno. Em tempos de crise, toda a ajuda é bem-vinda.

Tanto é bem-vinda que acho que poderíamos ir mais longe. Por exemplo, aumentar as parcerias com o sector empresarial, com instituições etc etc. Uma ideia: os alunos de mestrado e doutoramento,  deveriam ser encorajados a promover esforços no sentido de criar produtos e melhorias tecnológicas que possam ajudar empresas de sectores particulares . No caso das engenharias e ciências, apresentar ideias para desenvolver de produtos, estudar maquinaria etc. E deveriam tentar encontrar empresas que financiassem o seu esforço académico, já que estas seriam as principais beneficiárias do seu esforço. O mesmo se passaria com os alunos das ciências sociais. Apresentar projectos que fossem do interesse de instituições tanto nacionais como internacionais, relativo a temas de análise política, sociológica e afins. And so on...

Não compreendo o medo de parceiras com privados no fornecimento de fundos às Universidades e do financiamento de mestrados e doutoramentos. Claro que essas empresas não o fariam apenas por solidariedade pura, mas também porque precisam de mão-de-obra qualificada e de melhorias tecnológicas que as ponham um passo à frente da concorrência. Assim, como se de uma certa "mão invisível" se tratasse, o interesse das empresas reverteria em favor daqueles com o génio e engenho de apresentar projectos inovadores. Quem ganharia com isso? No final de contas, toda a economia e com ela todos nós.

Agora o que não podemos ser é incoerentes: desdenhar apoios privados com o caso dos alumni e, logo de seguida, exigir amnistia total de propinas. Tentemos também não ver tudo através de um espectro ideológico. Diabolizar a iniciativa privada e a sua importância para a sua sociedade é um espectro que espero ver ultrapassado. 


 
O Talho da Esquina © 2012