quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Crise Política: As insónias de Portas




Há um lugar onde não quereria estar neste momento. Não, não é no Afeganistão e também não é no próximo concerto do Justin Bieber. Pior e mil vezes mais tenebroso será estar na pele de Paulo Portas. Porquê tanta aversão a partilhar o presente do nosso (ainda) ministro dos Negócios Estrangeiros?

Bem, simplesmente porque, e sendo eu uma pessoa que preza bastante o seu descanso nocturno, nem quero imaginar as noites perdidas de Portas a procurar uma saída para a embrulhada em que se meteu. O líder do CDS sabia, com certeza ao que ia quando decidiu coligar com o PSD. Sabia o programa que havia negociado era extremamente arriscado. Mas o poder falou mais alto.

Face às duras medidas impostas pelo programa e intensificadas pelo governo a popularidade do seu partido foi descendo. Nas sondagens que têm sido feitas, há casos em que o CDS cai para 7%. Perde quase 40% dos seus eleitores face às últimas eleições. Ora, Paulo Portas sabe, no íntimo, que não pode governar assim, sob o risco da contestação dentro das hostes centristas ser insuportável.

Por isso, só vejo duas saídas para o CDS: ou forçar o governo a mudanças significativas no Orçamento de Estado ou a sair do governo (o que não inviabiliza que faça um pacto parlamentar com o PSD). Contudo, assim sendo, Portas encontra-se face a um dilema. Viabilizando as medidas de austeridade acaba por ficar “colado” a elas, mas se as reprovar e se provocar a queda do Executivo, a população pode não lhe perdoar nas urnas. Foi isso que aconteceu na Holanda, com o senhor Geert Wilders.

Não creio, como já se comenta, que Portas procurará coligar com Seguro nas próximas eleições. Primeiro, porque não creio que vá ter os argumentos eleitorais necessários e segundo porque Portas sabe da necessidade de passar pelo Purgatório da oposição.  

E depois há a hipótese de um governo de iniciativa presidencial. Aposto que essa faz os olhos de Portas brilhar.  Para ele será uma forma de juntar o útil ao agradável: ficar no poder e haver possibilidade de cair, de novo, nas boas graças do eleitorado. Portas espera ver o milagre Monti em Portugal. Contudo, também sabe que na Grécia o resultado foi diferente e que os partidos tradicionais experimentaram um rombo eleitoral tremendo.

Todas as portas estão abertas de momento. Contudo, o líder do CDS tem dificuldade tem dificuldades em vislumbrar para lá do nevoeiro que as envolve. Muito mau para alguém tão calculista. As olheiras já se fazem notar.

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