segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Eleições: Pior a emenda que o soneto?




A cada dia que passa a questão torna-se mais nítida, tal é o ruído que se tem formado em volta dela. Uma pergunta simples e que, no entanto, tem bastante que se lhe diga. Queremos mesmo eleições?

Há determinados factores que devem ser ponderados, antes de chegarmos a uma resposta definitiva. O primeiro baseia-se nas inúmeras sondagens que têm vindo a público nos últimos tempos. Em todas as que vi, não havia um partido que conseguisse a maioria absoluta. Numa delas, a única possibilidade que havia seria uma “Frente de Esquerda”. Coisa difícil, dadas as diferenças existentes entre PS e PCP e entre os dois últimos e o Bloco de Esquerda.

Claro que também poderia ser formado um governo de Bloco Central. Outra hipótese que me parece francamente despropositada, dada a necessidade do PS se demarcar das políticas que estão a ser seguidas. Em ambos os casos, o PS sofreria fortes convulsões internas.

Ora, um governo minoritário em tempos de emergência nacional não seria de longa duração. Um governo minoritário que nunca poderia optar por nada menos do que austeridade, seria rapidamente derrubado por uma qualquer moção de censura. Quem acha o contrário, que veja o exemplo de José Sócrates e do seu efémero governo de minoria.

Olhemos para a Grécia. Há quem diga que é Portugal um ano adiantado. Tomemos isso como certo. A verdade é que a coligação formada pela Nova Democracia, PASOK e Esquerda Democrática começa a desfazer-se. Os gregos, com tantos avanços e recuos, estão perto de entrar em bancarrota. As ruas deles, como se sabe, estão a ferro e fogo. O conflito entre extrema-esquerda e neonazis está no auge.

A verdade é que parece haver alguma estratégia em certos sectores políticos, para exigirem de forma tão veemente um acto eleitoral em plena tempestade. Há quem queira causar, sob todas as formas, tal instabilidade político-social que, depois isto só possa ser resolvido “à bruta”. Um disfemismo para revolução. E uma revolução não se faz democraticamente. Uma revolução faz-se “com revolucionários” não com a maioria, já dizia Cunhal

O período é difícil e exige reflexões profundas. Portugal está no limite da fadiga económica e os portugueses não aguentam mais austeridade. Passos já percebeu isso e também tem noção da morte política que o espera se for a eleições. Daí ter dado os primeiros sinais de recuo. Daí querer “refundar”. 

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