quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

URGENTE: Medidas a aplicar no Ensino Superior



Começo este post afirmando que financiar os estudos superiores de cerca de 50 mil novos alunos por ano, independentemente dos rendimentos familiares e necessidades de cada um e do mérito escolar anterior e posterior de cada um é, simplesmente, inadmissível.

É sabido que o sistema de ensino português apresenta gravas falhas e, como se pode ver pelo Relatório do FMI, não é sustentável nos moldes actuais. À margem das soluções apresentadas pelo referido relatório proponho-me, então, a apresentar de forma simplificada alguns pontos que considero de aplicação urgente no Ensino Superior. 

Antes de mais dir-me-ão vocês: uma das grandes problemáticas no nosso sistema de ensino (tanto público como privado) reside na prática política de aproveitamento dessas instituições em troca de promessas de favorecimento governativo. Bom, não poderei negar que assim não seja. No entanto, não irei centrar o meu post nessa realidade.

Ah!, e desengane-se que o cerne da questão está no mau funcionamento dos concursos para docentes, em certas progressões de carreira, ou em determinadas subvenções para programas científicos. É preciso ir muito mais além, repensar todo o paradigma, quebrar com a lógica de direcção centralizada por via burocrática e potenciar a concorrência entre público e privado.

Bom, as medidas que proponho são:

- Implementar o sistema de Cheque-Ensino (basta ler o artigo apontado para perceber as inúmeras vantagens). Este é um dos pontos fundamentais;

- Estimular as instituições de Ensino Superior em Portugal a fundir-se (assim potenciam-se os recursos, alarga-se a oferta, reduzem-se custos, etc…) e apostar no aumento da capacidade de auto-financiamento das instituições (maior independência na gestão fica assim implícita);

- Fechar as Escolas Superiores e Institutos Politécnicos (incluem-se algumas Universidades) cuja oferta não capta alunos e os cursos não têm empregabilidade (muitas encontram-se a distâncias recíprocas irrisórias);

- Reorganizar as instituições (mesmo que captem alunos) que não disponham de um corpo docente qualificado e cuja produção científica não seja minimamente satisfatória (sim, falo de despedimentos). Por razões óbvias creio que não é necessário justificar esta medida;

- Estimular, no Ensino Politécnico, a especialização técnica e a diferenciação da oferta educativa (é simplesmente estúpido concorrer com o ensino corrente nas mesmas áreas);

- Reduzir substancialmente o número de vagas dos cursos que o mercado não tem capacidade para absorver (p.e. educação);

- Fixar de um número mínimo de estudantes por curso de forma a garantir a rentabilidade do mesmo (a ser estudado caso a caso);

- Aumentar as propinas dos Mestrados (existem mestrados com valores idênticos aos da licenciatura, o que não faz sentido);

- Contratar os Reitores por concurso público internacional;

- Deixar de atribuir as Bolsas de Estudo exclusivamente em função do rendimento familiar, mas passando a incluir a vertente de mérito académico (melhores resultados = mais apoios) num sentido diferenciador positivo (isto não significa que aqueles que tenham maus resultados não recebam os apoios mínimos);

- Incrementar a transparência de atribuição de verbas para investigação através de uma maior avaliação (quer para a decisão de atribuição, quer na avaliação posterior dos resultados obtidos) do processo. Todos os investigadores (e respectivas instituições e grupos de trabalho) ficariam dependentes de uma avaliação final por parte de um júri composto pelos pares a nível nacional. Projectos seguintes ficariam condicionados à classificação obtida.

Muito mais haverá para acrescentar, mas deixo aqui já uma boa base de trabalho que, caso fosse aplicada, beneficiaria todo o sistema - Estado, Instituições de Ensino e Alunos.

6 comentários:

Anónimo disse...

Tanto texto e tanta coisa sem sentido...

Miguel Ramalhosa disse...

Caro Anónimo,
Porque aprecio as críticas e agradeço o feedback, agradecia que apontasse os pontos que considera negativos.
Bem haja,
Miguel Ramalhosa

Anónimo disse...

Subscrevo a sua preocupação com o desbaratar de dinheiro num ensino superior cuja ridícula extensão resulta directamente do oportunismo dos doutores que passavam por salvadores de um país atrasado. A avaliação do ensino superior é a mais melindrosa. A diarreia de trabalhos científicos não garante a qualidade e oportunidade nem da investigação muito menos do ensino. Publicar e voltar a publicar, recorrer, se necessário, à fraude para "ajustar" resultados experimentais, explorar o trabalho dos assistentes enquanto dependem do senhor professor para concluir um doutoramento que poderá demorar milénios. O ensino superior continua visceralmente doente, mais doente em Portugal, bastante adoentado noutros países. Veja o embuste do aquecimento global, o mais notório entre tantos, sustentado durante anos por sorridentes e intocáveis sumidades.

Considere que, melhor que a avaliação, melhor que a normalização oficial é, ainda aqui, e certamente concordará, o critério do cliente. O Estado poderá financiar o BOM aluno, como no seu artigo muito bem refere, mas permita ao aluno que escolha, com o dinheiro público já no bolso, a universidade que mais lhe convier ou agradar.

Então e o teor do curso? Ditá-lo-á o mercado. E se for Filosofia a escolha do menino que, por ser rico, não precisará de trabalhar? Bom, algum dinheiro público será sempre mal gasto. Se o menino for pobre não escolherá Filosofia. Claro que o Estado pode limitar o número de bolsas, área por área.

Então, e a qualidade dos cursos? O cliente que ajuize. O Estado só terá de verificar - mediante queixa eventual - se as aulas são dadas e se o currículo do curso está conforme o folheto publicitário. Curiosamente, os defensores do ensino público são severos com os pecados do privado e indulgentes com as falhas do que é "oficial".

Universidades com alunos a menos ou despesa a mais fecharão, como encerra uma qualquer empresa sem encomendas.

A sua apreciação do problema é séria e arguta. Creio, no entanto, que pecará por demasiado especiosa podendo acarretar inconvenientes. Mas não deixa de constituir uma base de trabalho para, também nesta área, livrarmos Portugal de um exército de mandarins dispendiosos.

Obrigado pela atenção e cumprimentos.

PS - O comentador anónimo deve ter-se sentido incomodado

Ramalhosa disse...


Caro João,

Só através do debate salutar podem surgir soluções sustentáveis e, nesse sentido, agradeço-lhe desde já o comentário.

Alguns dos pontos que avança são bastante pertinentes pelo que terei em conta as suas críticas. No entanto, uma vez que não fui suficientemente claro, permita-me que esclareça a posição relativamente à limitação de vagas para determinados cursos.

A minha intenção é, para além de reduzir o número de vagas em cursos cuja oferta se reproduz em grande parte das instituições de ensino sem que haja absorção pelo mercado, também limitar pela qualidade.

Isto é, à semelhança do que é feito pelos Finlandeses (p.e. para cursos ligados à Educação, onde apenas 10% dos candidatos são seleccionados), avaliar as competências dos candidatos para a área de estudo em questão e, mediante os resultados obtidos em provas específicas, aceitar ou não a candidatura.

Com isto teríamos uma redução significativa do número desses licenciados e um aumento da qualidade dos mesmos.

Cumprimentos,

Anónimo disse...

Julgo compreender a sua ideia. Regular a frequência dos diversos cursos através do grau de exigência. Maior exigência para futuros educadores (muitos candidatos) menor exigência para futuros engenheiros (menos candidatos). O Estado funcionaria como intermediário - simulando um mercado - entre a sociedade e os promitentes estudantes: mais oferta de estudantes menor o valor atribuído à sua "unidade de capacidade". Os futuros engenheiros, em menor número, veriam as suas capacidades valorizadas, isto é, embora com notas inferiores do secundário, ou de uma prova de aptidão especial, teriam acesso à universidade. Muito bem! É o que aconteceria aqui se o Estado, à partida, limitasse as vagas de acordo com a utilidade das diferentes formações.

Para tal teria de ter a coragem, como bem diz no seu artigo, de fechar Escolas "superiores" de Educação e de despedir a multidão de "especialistas" em educação instalados em todas as universidades de Portugal.

Eu sugeriria medida equivalente mas com uma nuance.
- Determinar o número de bolsas de acordo com o curso.
- Atribuí-las aos melhores candidatos.
- Autonomizar financeiramente as universidades fazendo-as depender inteiramente das propinas (e, claro, de outras fontes de financiamento que pudessem encontrar)e retirando-lhes o aval do Estado para que os credores não o dessem como fiador implícito.
- Deixar correr.

Julgo que acabamos por estar de acordo. Só faltará elaborar o texto da lei. Se você ou eu ou ambos, o fizermos teremos resolvido uma das questões da educação, a do ensino superior.

Confesso-lhe a minha preguiça - e relutância - em mergulhar na concretização prática dos meus princípios libertários. Mas é indispensável. Nisso, o tal debate a que se refere é precioso.

Portanto, para o ensino superior:
- Atribuir um número global de bolsas para cada especialidade. O Miguel estará de acordo.
- Seleccionar os eventuais bolseiros em concurso de mérito. Sugiro ignorar os meios económicos familiares cuja avaliação é pouco factível; aliás, se a família é rica, também, em princípio, pagou mais impostos. Julgo que o Miguel concorda.
- Deixar correr. Sucesso ou falência desta ou daquela universidade. Não sei se concorda inteiramente.

Boa noite

Anónimo disse...

Com este texto parece que te esqueces das tuas origens.

 
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