terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ensino Superior: Um Bloco de Esquerda incoerente



Surge de novo, em força o debate acerca do Ensino Superior. As Universidades Públicas lutam por conseguir meios para ser sustentáveis. As recentes notícias dão por conta que pedem a antigos alunos por contribuições para ajudar o Ensino Superior.

O que alguns chamam de caridadezinha, eu apelido de reconhecimento. Reconhecimento por parte dos alumni, que agradecem à Universidade ter-lhes proporcionado um ensino que lhes permitiu ter chegado mais longe, e reconhecimento por parte da Universidade aos alunos que conseguiram vencer na vida. Por isso, é uma falsa polémica dizer que estamos perante caridadezinha.

O autor do texto, ao dizer que tal coisa retira credibilidade ao ensino universitário nacional, com certeza não olhou muito para o que se passa lá fora. É aliás uma das universidades mais afamadas a nível mundial (Princeton, nos Estados Unidos) que tem maior percentagem de alumni mecenas. Julgo que a Universidade não perdeu credibilidade e posso dizer que sozinha tem mais credibilidade que todas as universidades nacionais.

Concordo com o autor do texto num ponto. O estado do ensino é calamitoso. Mas aqui contradiz-se. Quer que as propinas se mantenham inalteradas (porventura quererá que baixem), mas desdenha fundos preciosos vindos de ex-alunos. Esquece-se que um euro a mais na conta bancária da Universidade é um euro a menos nas propinas de um aluno. Em tempos de crise, toda a ajuda é bem-vinda.

Tanto é bem-vinda que acho que poderíamos ir mais longe. Por exemplo, aumentar as parcerias com o sector empresarial, com instituições etc etc. Uma ideia: os alunos de mestrado e doutoramento,  deveriam ser encorajados a promover esforços no sentido de criar produtos e melhorias tecnológicas que possam ajudar empresas de sectores particulares . No caso das engenharias e ciências, apresentar ideias para desenvolver de produtos, estudar maquinaria etc. E deveriam tentar encontrar empresas que financiassem o seu esforço académico, já que estas seriam as principais beneficiárias do seu esforço. O mesmo se passaria com os alunos das ciências sociais. Apresentar projectos que fossem do interesse de instituições tanto nacionais como internacionais, relativo a temas de análise política, sociológica e afins. And so on...

Não compreendo o medo de parceiras com privados no fornecimento de fundos às Universidades e do financiamento de mestrados e doutoramentos. Claro que essas empresas não o fariam apenas por solidariedade pura, mas também porque precisam de mão-de-obra qualificada e de melhorias tecnológicas que as ponham um passo à frente da concorrência. Assim, como se de uma certa "mão invisível" se tratasse, o interesse das empresas reverteria em favor daqueles com o génio e engenho de apresentar projectos inovadores. Quem ganharia com isso? No final de contas, toda a economia e com ela todos nós.

Agora o que não podemos ser é incoerentes: desdenhar apoios privados com o caso dos alumni e, logo de seguida, exigir amnistia total de propinas. Tentemos também não ver tudo através de um espectro ideológico. Diabolizar a iniciativa privada e a sua importância para a sua sociedade é um espectro que espero ver ultrapassado. 


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